quinta-feira, 19 de julho de 2012

Palavras




Palavras para nomear o que não tem nome…
Sentimentos intensos demais para abrandar.
Registrar para tornar eterno o passageiro?
Escrever para apagar de mim o que não quero mais em mim?
Não inventaram ainda palavras exatas para sentimentos confusos.

Será essa a tarefa que me cabe nesta noite de lua cheia?
Relatar o que gostaria de viver?
Descrever a ânsia de vida que me consome e esvazia?
Anunciar aos quatro cantos o que eu nem bem sei?

Parece mais fácil viver que escrever…
Por que não viver?

Se as palavras bastassem,
Seria uma poeta de inclinação dadaísta
Pegaria palavras soltas, dispersas,
Ouvidas aqui e ali, como:

Escola, botina, trabalho, desconcerto, ombro, mensagem,
Pescaria, aniversário, celular, manutenção, mochila, buracos,
Música, sono, química, trator…

De um jeito ou de outro…
O poema nasceria
Talvez, se despertasse risos,
Eu perguntaria:
“Tá rindo de mim ou para mim?”

Marli Chiarani (Mulheres Reunidas - 2009)

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